O que é mão inglesa e mão francesa no trânsito

Mão inglesa e mão francesa no trânsito.
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Mão inglesa, mão francesa… Provavelmente a maioria dos motoristas já ouviu ambos os termos, mas é possível que muita gente não saiba bem o que significa.

Basicamente a diferença está no lado da via em que dirigimos, o que pode mudar dependendo do país. Mas o que pode parecer apenas um detalhe no trânsito, na verdade, influencia outros fatores, como a posição do volante no carro.

Na maioria dos países, como no Brasil, é usada a mão francesa no trânsito. Mas em mais de 50 países a mão inglesa é adotada, sendo importante saber como funciona para respeitar as leis de trânsito locais quando for viajar.

Mas nem precisa ir muito longe encontrar a mão inglesa no trânsito. Há situações que podem permitir os dois tipos de direção aqui mesmo, em algumas cidades brasileiras.

Ficou curioso e quer saber mais?

Então acompanhe a Zignet até o fim deste artigo e entenda tudo sobre o assunto!

 

O que é mão inglesa no trânsito?

Você sabe o que é mão inglesa? O termo é usado para descrever a forma de dirigir pelo lado esquerdo da via. Com isso, o volante fica no lado direito do carro, lado pelo qual também devem ser feitas as ultrapassagens.

Mas apesar do termo ser “mão inglesa”, não é só no Reino Unido que esse tipo de direção é adotada. No total, outros 55 países também adotam essa forma de dirigir. 

E a explicação é simples: como a maioria foi colonizada pelos ingleses em algum momento, a mão inglesa é uma herança cultural oficializada no trânsito.

Veja a lista dos países que adotam a mão inglesa no trânsito:

Além do Reino Unido, Austrália, África do Sul, Tailândia e Japão também fazem parte dos países onde se dirige pelo lado esquerdo. 

Veja a lista de alguns dos países que herdaram culturalmente a mão inglesa:

  • Irlanda
  • Ilha de Man
  • Guernsey
  • Jersey
  • Malta
  • Chipre
  • Austrália
  • Barbados
  • Hong Kong
  • Guiana
  • Singapura
  • Nova Zelândia
  • Bangladesh
  • Índia
  • Samoa
  • Paquistão
  • Sri Lanka
  • Malásia
  • África do Sul
  • Trinidad e Tobago

Alguns outros, no entanto, adotaram a mão inglesa sem haver qualquer relação de colonização com a Inglaterra. Conheça alguns desses países:

  • Tailândia
  • Indonésia
  • Butão
  • Nepal
  • Timor-Leste
  • Japão
  • Suriname

Como surgiu a mão inglesa?

O surgimento da mão inglesa no trânsito tem pelo menos duas versões – ambas curiosas. 

Uma delas, defendida pelo maior colecionador de carros ingleses do mundo, Stephen Laing, curador do British Motor Museum, tem origem na Roma Antiga.

Segundo ele, na época o exército romano cavalgava pelo lado esquerdo das vias, segurando as rédeas com a mão esquerda e as lanças com a mão direita. 

Em 43 d.C. os romanos invadiram a Grã-Bretanha (conhecida apenas como Britânia, na época) e teriam disseminado o costume. Assim, à medida que as cidades do Reino Unido foram se desenvolvendo, as carruagens iam sendo conduzidas pelo lado esquerdo.

Em 1835, o “código de trânsito da época”, chamado British Roads Act, tornou lei esse hábito de tráfego, que permanece até hoje.

A segunda versão é um pouco mais sucinta, mas também curiosa. Segundo ela, na Inglaterra medieval a maioria dos cavaleiros era destra. 

Com isso, sentiam mais segurança e conforto em montar o cavalo pelo lado esquerdo, permanecendo nessa direção ao cavalgar enquanto seguravam as armas com a mão direita.

A tradição não só permaneceu, como foi oficializada no trânsito e acabou sendo levada para outros países pela expansão do colonialismo inglês ao longo dos tempos, gerando o que ficou conhecida então como “mão inglesa”.

No Japão, por exemplo, que não foi colonizado pelos ingleses, calcula-se que a origem desse padrão de trânsito remonte aos samurais, que, assim como os cavaleiros romanos, sentiam-se mais confortáveis em cavalgar pelo lado esquerdo da rodovia

 

O que é mão francesa?

A mão francesa no trânsito é o oposto: a direção é feita pela pista da direita e o volante fica no lado esquerdo do carro, por onde também devem ser feitas as ultrapassagens. 

Essa forma de dirigir é a adotada no Brasil e na maior parte do mundo, chegando a ser conhecido como o “sistema universal de direção”. 

Os Estados Unidos, por exemplo, chegaram a usar a mão inglesa por muitos anos, mas fizeram a inversão para a mão francesa para reafirmar sua ruptura e independência em relação à Inglaterra. A primeira lei determinando que os condutores deveriam trafegar pelo lado direito foi assinada em 1792.

Entenda a origem da mão francesa

Reza a lenda que o Brasil adotou a mão francesa por influência da indústria automobilística americana. Em 1919, a Ford montou seu popular Ford T em um armazém de São Paulo e seis anos depois a Chevrolet chegava com sua produção ao país.

Em 1903, com uma frota nacional de 25 carros, o Brasil criou sua primeira lei de trânsito com as “concessões para dirigir”. O padrão de mão francesa, no entanto, só foi oficializado no país em 1968, quando o Código Nacional de Trânsito estabeleceu que “a circulação far-se-á pelo lado direito da via”.

Mas como surgiu a história de dirigir pelo lado direito? Assim como a mão inglesa, a origem da mão francesa também é cheia de especulações. 

Para alguns, ela surgiu com a durante a Revolução Francesa, quando Napoleão Bonaparte, que era canhoto, preferia que seus cocheiros usassem o outro lado da estrada. 

Para outros, o padrão surgiu através de franceses revolucionários que não queriam seguir a mesma regra da Inglaterra. Mas o fato é que, de uma forma ou de outra, Napoleão ajudou a espalhar o hábito pelos territórios que conquistou.

 

Diferenças práticas no trânsito

A mão inglesa pressupõe o volante no lado direito do carro, mas o emplacamento de veículos assim é proibido no Brasil pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB).

E é simples de entender: dirigir um carro com volante do lado direito no sistema de mão francesa torna praticamente impossível fazer uma ultrapassagem em via de mão dupla com segurança

Por outro lado, além do volante, há vários outros comandos cuja posição é adaptada à mão francesa. Além disso, toda a sinalização de trânsito é planejada para a condução pelo lado direito da pista.

E também o nosso cérebro, já habituado a dirigir na pista da direita com o volante à esquerda. 

Claro que é possível adaptar a direção ao chegar em um país de mão inglesa, com o volante do lado direito, mas é preciso um pouco de treino para criar o costume.

Conheça os casos especiais

No entanto, assim como toda regra, a mão francesa no Brasil também tem suas exceções. Há cidades brasileiras que adotam a mão inglesa em determinadas situações, como São Paulo, Belo Horizonte, Natal, Curitiba e Volta Redonda, no Rio de Janeiro.

Assim, a mão inglesa – dirigir pelo lado esquerdo da via – pode ser adotada desde que traga mais segurança e fluidez para o trânsito em situações pontuais.

Mesmo assim, com precauções. A legislação faz apenas duas citações sobre a mão inglesa:

  • No caso da utilização do sinal R-5b (proibido retornar à direita) em vias onde a mão inglesa é feita na pista oposta, mas separada por canteiro central;
  • Quando se refere à infração do Art. 206, I no Manual Brasileiro de Fiscalização de Trânsito (MBFT) em retornar à direita em locais sinalizados com o sinal R-5b ou linha contínua amarela, simples ou dupla, onde há a mão inglesa.

Portanto, é preciso cuidado ao viajar e dirigir em um país de mão inglesa, porque até mesmo nosso cérebro está condicionado com os comandos e a sinalização voltada para a condução no lado direito da pista.

Para evitar acidentes em terras estrangeiras, pratique dirigir com o volante à direita em local seguro e evite conduzir o veículo em locais movimentados ou em horários de rush até ter certeza de ter se acostumado com a mão inglesa.

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